segunda-feira, 15 de março de 2010

Origem do sexo...

Um pouco extenso mas vale a pena ler.

"Lembro-me como se fosse há 8 bilhões de anos. Eu era uma célula recém-chegada do fundo do miasma e ainda deslumbrado com a vida agitada da superfície e tu eras de lá, um ser superficial, vivida, viciada em amônia, linda, linda. Nós os dois queríamos e não sabíamos o quê. Namoramos 1 milhão de anos sem saber o que fazer, aquela ânsia. Tu dizias "Eu deixo, eu deixo" e eu dizia "O quê? O quê?", até que um dia, um dia minhas enzimas tocaram as suas e você gemeu, meu amor, "Assim, assim!" E você sugou meu aminoácido, meu amor. Assim, assim. E de repente éramos uma só célula. Dois núcleos numa só membrana até que a morte nos separasse. Tínhamos inventado o sexo e vimos que era bom. E de repente todos à nossa volta estavam nos imitando, nunca uma coisa pegou tanto. Crescemos, multiplicamo-nos e o mar borbulhava. O desejo era fogo e lava e o nosso amor transbordava. Aquela ânsia. Mais, mais, assim, assim. Tu não te contentavas em ser célula. Uma zona erógena era pouco. Querias fazer tudo, tudo. Viraste ameba. Depois peixe e depois réptil, meu amor, e eu atrás. Crocodilo, elefante, borboleta, centopéia, sapo e, de repente, diante dos meus olhos, mulher. Assim, assim! Deus é luxúria, Deus é ânsia. Depois de bilhões de anos Ele acerta a fórmula. "É isso!" gritei. "Não mexe em mais nada!".
- Quem sabe mais um seio?
- Não! Dois está perfeito
- Quem sabe o sexo na cabeça?
- Não! Longe da cabeça. Quanto mais longe melhor!
Linda, linda. Mas algo estava errado. Não foi como antes.
- Foi bom?
- Foi.
- Qual é o problema?
- Não há problema nenhum.
- Eu sinto que você está diferente.
- Parvoice sua. Só um pouco de dor de cabeça.
- No caldo primordial tu não eras assim.
- Nós mudamos, não é? Nós não somos mais amebas.
E vimos que era complicado. Nunca reparáramos na nossa nudez e de repente não se falava em outra coisa. Tu cobriste o teu corpo com folhas e eu construí várias civilizações para esconder o meu. "Eu deixo, eu deixo - mas não aqui." - Não agora. Não na frente das crianças. Não numa segunda-feira! Só depois de casar. E o meu presente? Depois tu não me respeitavas mais. Tu vais contar para os outros. Eu não sou dessas. Só se tu usares um quepe Gestapo. Tu não me queres, tu queres é reafirmar sua necessidade neurótica de dominação machista, e ainda por cima usando as minhas ligas pretas. O quê? Não faz nem três anos que a minha mãe morreu! Está bem, mas sem o chicote. Eu disse que não queria o sexo na cabeça, Senhor!
- Nós somos como frutas, minha flor.
- Vem com essa...
- A fruta, entendeu? Não é o objetivo da árvore. Uma laranjeira não é uma árvore que dá laranjas. Uma laranjeira é uma árvore que só existe para produzir outras árvores iguais a ela. Ela é apenas um veículo da sua própria semente, como nós somos a embalagem da vida. Entende? A fruta é um estratagema da árvore para proteger a semente. A fruta, se soubesse a importância que nós lhe damos, enrubesceria como uma maçã na sua modéstia. Deixa-me só desapertar o sutiã. A fruta não é nada. O importante é semente. É a ânsia, é o acido, é o que nos traz de pé neste sofá. Digo, nesta vida. Deixa, deixa. A flor, minha fruta, é um truque da planta para atrair a abelha. A própria planta é um artifício da semente para se recriar. A própria semente da semente, chega para cá um pouquinho. Linda, linda. Pense em mim como uma laranja. Eu só existo para cumprir o destino da semente da minha semente. Eu estou apenas cumprindo ordens. Tu não me estás a negar. Está a negar os desígnios do Universo. Deixa.
- Está bem. Mas só tem uma coisa.
- O quê?
- Eu não estou a tomar a pílula.
- Então nada feito.
Mais, mais. Um dia chegaríamos a uma zona erógena além do Sol. Como o pólen. Meu amor, no espaço. Roçaríamos nossas membranas de fibra de vidro, capacete a capacete, e nossos tubos de oxigênio se enroscariam e veríamos que era difícil. Eu manipularia a tua bateria seca e você gemeria como um besouro eletrônico. Asssssiiiim. Asssssiiiim. Um dia estaríamos velhos. Sexo, só na cabeça. As abelhas andariam a pé, nada se recriaria, as frutas secariam. Eu afundaria na memória, de volta às origens do mundo. (O mar tem um deserto no fundo). Uma casca morta de semente, por nada, por nada. Mas foi bom, não foi?"

Autor desconhecido.

3 comentários:

  1. A pessoa que escrevei é um verdadeiro génio, devia estar a ter um brainstorming enquanto escrevia isto! Está altamente, de cagar a rir.
    Muito bom mesmo.

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  2. ai que bonito mais lindo que este texto e mesmo so a rapariga que faz parte do vosso grupo ^^ agora tentem descobrir hihihihihihihihihihi

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  3. Anónimo disse...
    ai que bonito mais lindo que este texto e mesmo so a rapariga que faz parte do vosso grupo ^^ agora tentem descobrir hihihihihihihihihihi

    eu apoxtava na k era maix alta =D
    era mexmo fixe pinar com ela =D

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